Profª Dra. Darina Naydenova: Baixo ou alto peso de uma mulher programa doenças no bebê

A Profª Dra. Darina Naydenova é especialista em nutrição e dietética e professora da Universidade Médica de Varna. Os seus interesses científicos e clínicos centram-se na área da nutrição saudável e terapêutica para controlo de doenças já desenvolvidas – autoimunes, reprodutivas, cardiovasculares, estrogénio-dependentes, oncológicas, etc.

Publicamos parte da palestra da Prof.ª Dra. Darina Naydenova “Nutrição durante a gravidez” para um amplo público de um webinar organizado pela Re:Gena.

– Profª Naydenova, qual o papel da nutrição durante a gravidez?

– O alimento é o regulador externo mais importante dos processos em qualquer organismo em crescimento, como o embrião. Os alimentos não são apenas portadores de energia, mas também podem afetar genes, hormônios, o sistema imunológico e o desenvolvimento do cérebro do bebê.

Nos últimos anos, ficou claro que a alimentação da mãe durante a gravidez pode causar alterações permanentes nos tecidos do feto. Assim, o padrão alimentar da mãe tem o potencial de programar o risco de saúde e doença da geração futura. São alterações permanentes no metabolismo e na fisiologia da criança, que podem posteriormente desencadear uma série de doenças.

Estudos clínicos comprovam que o risco para a saúde do bebé advém da alimentação inadequada da mãe (desnutrição, falta de determinados nutrientes) ou do outro extremo – a sobrealimentação durante a gravidez. Existe um risco se a mãe for obesa mesmo antes da gravidez.

A morfologia fetal já é aplicada nas gestações de referência?

As alterações nos tecidos do embrião decorrentes da dieta da gestante podem ser transmitidas à próxima geração. Com efeito, os mesmos factores adversos prejudicam pelo menos três gerações – a mãe, o seu filho e os gâmetas dessa criança, ou seja, o neto dessa mulher.

– Explique com mais detalhes o que significa peso na gravidez?

– O ganho de peso inadequado durante a gravidez aumenta o risco de diabetes mellitus, obesidade abdominal e hipertensão arterial na prole. Quando as crianças crescerem, serão marcadas por estas doenças perigosas.

As mães obesas têm mais frequentemente gravidezes problemáticas do que outras mulheres e também sofrem mais frequentemente de deficiências de vitaminas e minerais importantes – principalmente vitamina B9, B12 e ferro. As mulheres grávidas obesas transmitem aos seus filhos um elevado risco de resistência à insulina, que é efectivamente uma condição pré-diabética. A melhor estratégia é reduzir o peso antes mesmo da gravidez e iniciá-la com um peso normal para a mulher. Isso reduz o risco metabólico para crianças.

O peso muito baixo da gestante também é um problema gravíssimo que programa problemas de saúde do bebê. Um bebê com baixo peso ao nascer pode nascer. A desnutrição da mãe é a causa do atraso no crescimento do feto e de uma adaptação especial, que com o passar do tempo na geração levará à obesidade abdominal, hipertensão, diabetes mellitus tipo 2. Especialmente sensível à fome da mãe é o pâncreas de o feto, ou seja, o pâncreas, que produz insulina. Assim, o pâncreas fica privado da capacidade funcional para produzir quantidades adequadas de insulina, resultando em diabetes tardia nesta criança.

Profª Dra. Darina Naydenova

O cérebro do embrião é como uma “lhama” – ele engole entre 70 e 80% de toda a energia que o corpo do bebê recebe no útero para se desenvolver plenamente. A desnutrição da mãe causa danos irreversíveis à estrutura e função do cérebro do embrião. Estas perturbações não podem ser compensadas numa idade mais avançada com uma nutrição adequada do bebé e da criança em crescimento. Mães desnutridas geralmente dão à luz crianças com problemas permanentes de fala

A nutrição inadequada de uma mulher grávida pode criar terreno para o desenvolvimento de gota, osteoporose, alergias na prole, incluindo doenças mentais e neurodegenerativas. Portanto, a gestante tem uma enorme responsabilidade pela saúde de seu bebê.

– Como uma gestante deve se alimentar para garantir todos os macro e micronutrientes para ela e para o bebê?

– Um dos destaques importantes na alimentação da gestante é fornecer ferro suficiente ao feto em crescimento, para que seja suficiente tanto no útero quanto nos primeiros seis meses de vida. Presto atenção ao ferro, porque a deficiência de ferro é extremamente comum entre as mulheres jovens na Bulgária. E isso traz o risco de dar à luz um bebê com baixo peso, de parto prematuro, de atraso no desenvolvimento físico e nervoso da criança após o nascimento, de baixa imunidade associada a doenças infecciosas frequentes.

Portanto, as gestantes devem consumir alimentos com ferro de fácil digestão. É um mito que você deva comer principalmente espinafre, urtiga e outras verduras. Sim, eles contêm ferro, mas não está em uma forma de fácil digestão. Apenas 2% do ferro é absorvido pelo espinafre. É mais absorvido por carnes e peixes, bem como por frutas precoces – framboesas, cerejas, damascos, pêssegos, nos quais o ferro se combina com altos níveis de vitamina C, que estimula a absorção do ferro.

Algumas bebidas bloqueiam a absorção de ferro. Assim é o café (cafeína). Portanto, não é aconselhável terminar o almoço tomando café. O cálcio dos laticínios também bloqueia a absorção de ferro. Os grãos integrais podem ligar o ferro a compostos insolúveis. Em alguns casos, a ingestão de suplementos alimentares com ferro deve ser discutida com o médico.

Outra ênfase na alimentação da gestante é a gordura, mas definida pelo tipo e qualidade da gordura

A fruta necessita de ácidos graxos essenciais do grupo ômega-3. Eles não são sintetizados no corpo e devem ser obtidos a partir dos alimentos. Essas gorduras estão incorporadas nas membranas celulares das células cerebrais, nas células que constituem a retina dos olhos e em todas as outras células do corpo. As necessidades de ômega-3 são maiores no último trimestre da gravidez.

Com o consumo ideal de ômega-3 pela gestante, o bebê terá boa visão, um sistema imunológico forte e um QI elevado. Por outro lado, o ômega-3 reduz o risco de eczema e alergias, bem como de parto prematuro. A ingestão ideal de ômega-3 reduz o risco de depressão pós-parto.

– Quais são as fontes alimentares de ômega-3?

– Em primeiro lugar, são peixes marinhos e oceânicos. Não recomendo comer grandes peixes predadores, como tubarão, atum ou peixe-espada, que podem estar contaminados com metilmercúrio. Os ômega-3 também são encontrados em algumas nozes e sementes. Caso a gestante não suporte o cheiro de peixe, ela poderá tomar suplemento de ômega-3 no último trimestre. Mas este suplemento deve ser de alta qualidade para não ser contaminado com metais pesados.

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Muitas mulheres jovens seguem padrões alimentares extremos, incluindo a dieta cetônica (dieta gordurosa). Mas esta dieta não é segura para a mulher grávida e para o feto porque os hidratos de carbono são severamente restringidos e há uma produção excessiva de glicose pelo fígado. E este é um risco de obesidade e diabetes tipo 2 na prole. Todo mundo já ouviu falar que a vitamina B9 (ácido fólico) desempenha um papel importante no nascimento de um bebê saudável.

Estudos em grande escala descobriram que a ingestão média de ácido fólico em mulheres grávidas em dieta cetônica é 50% menor que o normal. E isto leva a um risco de 30% de dar à luz uma criança com defeitos do tubo neural (espinha bífida).

Mulheres com problemas reprodutivos devem receber vitamina D suficiente porque afeta a capacidade de engravidar. Fiz um webinar especial sobre esse tema, que você pode encontrar no site da Re:Gen. Nas mulheres grávidas, a deficiência de vitamina D aumenta o risco de parto prematuro, bem como de alergias, eczema e diabetes na prole. A melhor fonte de vitamina D são os peixes selvagens de água salgada. Também podemos contar com o sol durante o verão para sintetizá-lo. Mas no outono-inverno precisamos de suplementos. Um grande problema é a aquisição de vitamina D em gestantes que utilizam cosméticos com proteção solar.

– Qual deve ser a ingestão de carboidratos?

– Muitas mulheres grávidas tendem a exagerar nos carboidratos rápidos – alimentos doces e massas. E isso não é inofensivo. Quando esses alimentos predominam no cardápio, aumenta o risco de doenças cardiovasculares, autoimunes e diabetes na prole. É bom que as mulheres grávidas comam frutas e vegetais frescos sem tratamento térmico.

Mara KALCHEVA

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