Numa época em que os avanços tecnológicos são imutáveis, um estudo suíço lança uma nova luz sobre um problema de saúde atual: a ligação entre o uso de smartphones e a infertilidade masculina. Há mais de 50 anos que os profissionais de saúde se preocupam com as causas do declínio alarmante da contagem de espermatozoides nos homens. A atenção está agora focada no omnipresente telemóvel, um dispositivo quase inseparável da vida moderna, e no seu papel potencial neste declínio.
Este abrangente estudo suíço envolvendo uma grande amostra da população revelou uma relação surpreendente: o aumento do uso de telemóveis está correlacionado com uma diminuição na concentração de espermatozoides e na contagem total de espermatozoides.
Curiosamente, o estudo sugere que as tecnologias telefónicas mais recentes podem ser menos prejudiciais para a qualidade do esperma, talvez devido aos seus níveis de emissão mais baixos. A infertilidade masculina é um problema alarmante em todo o mundo. Nas últimas décadas, os especialistas observaram uma queda surpreendente de 50% na contagem de espermatozoides masculinos.
Este declínio motivou extensas pesquisas sobre vários fatores ambientais e de estilo de vida que poderiam influenciar a qualidade do esperma, desde a exposição à radiação e desreguladores endócrinos até escolhas de estilo de vida, como dieta, estresse e uso de drogas.
No centro desta investigação está um importante estudo conduzido pela Universidade de Genebra e pelo Instituto Suíço de Saúde Tropical e Pública. Ao longo de 13 anos, o estudo investigou o impacto potencial do uso de smartphones na fertilidade masculina.
Os resultados, publicados recentemente na prestigiada revista Fertility and Sterility, mostraram uma ligação notável entre o uso de smartphones e a redução da qualidade do esperma em homens adultos jovens. Contudo, com o advento das tecnologias 3G e 4G, parece haver um efeito atenuante.
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A metodologia de pesquisa é tão rigorosa quanto reveladora. Entre 2005 e 2018, incluiu quase 3.000 homens com idades entre 18 e 22 anos provenientes de centros de recrutamento militar. Esses participantes forneceram amostras de esperma e informações detalhadas sobre sua saúde reprodutiva, educação, estilo de vida e, principalmente, frequência de uso de telefones celulares.
Os resultados foram reveladores: a concentração média de espermatozoides foi significativamente maior em homens que usavam o telefone com menos frequência. Mas será que o local onde se carrega o telefone é importante? O estudo investigou essa questão e descobriu que a maioria dos participantes mantinha seus telefones nos bolsos das calças. No entanto, nenhuma ligação direta foi estabelecida entre esta prática e a menor qualidade do esperma.
No contexto destas descobertas, surge a questão: porque é que a contagem de espermatozoides nos homens diminui? De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma concentração de espermatozoides abaixo de 15 milhões por mililitro pode prolongar significativamente o tempo até a concepção. A contagem média de espermatozoides nos países ocidentais caiu de 99 milhões para 47 milhões por mililitro. Os factores que contribuem para este declínio são numerosos e incluem tanto o estilo de vida como as influências ambientais.
Uma preocupação considerável nesta área é a presença de “produtos químicos permanentes”, como o PFAS, no ambiente, conhecidos pelos seus efeitos adversos à saúde, incluindo a qualidade do esperma. Além disso, o estudo baseou-se em dados de auto-relato, o que justifica a continuação da investigação com métodos de recolha de dados mais robustos. Este estudo é uma parte importante para compreender o panorama geral do declínio das taxas de natalidade e o papel que o nosso estilo de vida moderno e tecnológico desempenha neste contexto.
Boris ALEXANDROV