A comunidade global de saúde está focada no estudo da diabetes, uma doença crónica que afecta cerca de 537 milhões de adultos em todo o mundo. O diabetes ocorre devido à incapacidade do corpo de produzir insulina suficiente ou de usar efetivamente o hormônio produzido.
Neste contexto, existe uma distinção clara entre diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2. Embora o diabetes tipo 2 possa ser controlado, o tipo 1 continua a ser uma doença autoimune sem cura definitiva. Como resultado dos esforços conjuntos de cientistas do respeitado Royal Institute of Technology KTH e do Karolinska Institute na Suécia, num estudo inovador publicado na renomada revista “Advanced Materials”, uma abordagem inovadora para lidar com ambos os tipos de diabetes é proposta, e sua aplicação pode ser estendida a outras doenças.
Pesquisadores revelaram um dispositivo microscópico meticulosamente projetado para ser implantado no olho. Este dispositivo em forma de cunha, impresso em impressora 3D, tem cerca de 240 micrômetros de comprimento e foi projetado para caber perfeitamente na câmara anterior, o espaço entre a íris e a córnea. Seu design sofisticado permite a entrega de microrganismos específicos diretamente no olho, eliminando a necessidade de intervenções cirúrgicas tradicionais, como suturas.
Elaborando sobre a importância do olho neste contexto terapêutico, a Dra. Anna Herland, Distinguished Senior Lecturer do Royal Institute of Technology KTH e uma das principais autoras, enfatiza: “O olho representa uma janela única para o corpo, permitindo não- monitoramento invasivo de transplantes. Além disso, o privilégio imunológico inerente ao olho protege contra as respostas imunológicas iniciais”.
Uso de terapia celular
Central para a operação do dispositivo é a inovadora “técnica de porta”, que garante a liberação controlada dos microrganismos encerrados. No contexto da diabetes, os cientistas têm utilizado ilhotas pancreáticas – ou ilhotas de Langerhans – fundamentais para restaurar a produção de insulina. Dr Herland explica: “Os transplantes de células têm um enorme potencial para oferecer uma solução permanente para o problema da diabetes. No entanto, devemos inovar e utilizar tecnologias modernas para impulsionar o desenvolvimento de terapias celulares eficazes para a diabetes.”
4 grupos de pessoas em risco de desenvolver diabetes
Avaliações preliminares realizadas em modelo de camundongo mostram resultados promissores. O dispositivo não apenas permaneceu posicionado de forma segura no olho por longos períodos de tempo, mas, uma vez liberado, os microrganismos se integraram perfeitamente à vasculatura do hospedeiro, detectando efetivamente os níveis de glicose.
Expandindo o horizonte
A equipe de pesquisa está otimista quanto às implicações mais amplas de sua invenção. Como diz o Dr. Herland, “Nosso microdispositivo representa uma incursão inicial em ferramentas médicas avançadas capazes de localizar e monitorar continuamente as funções dos transplantes de células. Além disso, estamos nos aprofundando na integração de funcionalidades avançadas de dispositivos, desde a eletrônica integrada até a liberação controlada de medicamentos”.
Gestão moderna da diabetes
Tanto o diabetes tipo 1 quanto o tipo 2 requerem monitoramento rigoroso e manutenção dos níveis de açúcar no sangue. Embora o tipo 1 dependa principalmente de injeções de insulina, o tipo 2 pode exigir uma combinação de medicamentos, terapia com insulina e mudanças no estilo de vida. Além disso, a complexa relação entre diabetes e saúde ocular deve ser reconhecida.
Os olhos funcionam como redes complexas de nervos e vasos sanguíneos conectados aos sistemas mais amplos do corpo. Portanto, podem apresentar sinais de doenças sistêmicas, incluindo diabetes. Elevações prolongadas nos níveis de açúcar no sangue podem potencialmente danificar essas estruturas delicadas, levando a complicações oculares diabéticas, como retinopatia, edema macular e catarata, entre outras.
Um passo promissor
Dr. David Geffen, um representante proeminente no campo da optometria, saudou a natureza inovadora deste estudo. “Esta pesquisa tem o potencial de revolucionar o tratamento do diabetes.
O hálito frutado poderia ser um sintoma de diabetes tipo 2?
Implantar um dispositivo no olho para regular a produção de insulina seria transformador. O gerenciamento do diabetes muitas vezes esbarra na adesão do paciente, portanto, uma solução no corpo poderia reduzir significativamente os danos a longo prazo”.
Ele enfatiza ainda a importância de avaliações rigorosas nas próximas fases: “Garantir a segurança do implante no olho e sua eficácia na manutenção dos níveis de insulina do paciente serão os próximos passos cruciais”.
Nesta época de rápidos avanços médicos, esta investigação oferece um raio de esperança, prometendo não só uma melhoria da qualidade de vida das pessoas com diabetes, mas também anunciando um futuro em que as doenças crónicas podem ser geridas de forma mais eficaz ou mesmo revertidas.
Boris ALEXANDROV