Nosso leitor perguntou por quanto tempo uma pessoa pode adiar a cirurgia de cálculos biliares. Por que você não deve ter medo, mas planejar uma operação com esse diagnóstico, veja na entrevista com o Dr. Spas Ivanov.
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♦ Spas Ivanov é cirurgião especialista do Vita Hospital, com mais de 13 anos de experiência em operações laparoscópicas de cólon, reto, sistema biliar-fígado, hérnias, inclusive de hiato; cirurgias bariátricas e metabólicas. Trabalhou como cirurgião-especialista na UMBAL “St. Ivan Rilski”, Tsaritsa Yonna-ISUL UMBAL, Hospital Pirogov, Sófia.
♦ Dr. Ivanov participou de internações (prática) na Áustria e na Alemanha. Possui o certificado “Fundamentos da cirurgia laparoscópica” da Academia de Ciências Médicas, Prof. N. Vladov; certificado IFSO Cirurgia Bariátrica; Certificado Bariátrico Akademi Frankfurt. Ele é membro da Sociedade Búlgara de Cirurgia Bariátrica/Metabólica.
– Dr. Ivanov, quando e em que circunstâncias podem se formar pedras na vesícula biliar?
– Em primeiro lugar, gostaria de salientar que, além da vesícula biliar, onde mais frequentemente se formam os cálculos, isso também pode acontecer, embora com menos frequência, nas vias biliares. O processo de formação do cálculo pode ser explicado da forma mais acessível: a vesícula biliar é um reservatório onde a bile é coletada (entenda os sucos biliares, o conteúdo líquido).
E esses sucos biliares são formados em grandes quantidades pelo fígado – algo entre 800 e 1.200 ml. por 24 horas. A função da bile é a emulsificação, ou seja, a fusão de gorduras.
A secreção de sucos biliares é estimulada por sinais especiais durante a alimentação. Por sua vez, a vesícula biliar é um saco, uma bolsa, que coleta e concentra essa grande quantidade de suco biliar.
Portanto, na vesícula biliar, essa bile é mais viscosa, ou seja, espessa e pegajosa. É, na verdade, uma solução coloidal que está em equilíbrio muito forte. Mas quando este equilíbrio é perturbado, o chamado precipitação (separação de partículas sólidas), no caso de pequenos grãos de areia, pedras maiores, etc.
Já que estamos falando de causas, observo que existem três tipos de cálculos biliares – colesterol, pigmentos e mistos. Diversas condições contribuem para a sua formação, mas creio que não precisamos comentá-las nesta entrevista.
Acrescentarei, porém, que existe também um componente inflamatório que também pode levar à precipitação de areia e pedras.
– O que está incluído na terapia da doença do cálculo biliar. O tratamento conservador é tentado antes da remoção da vesícula biliar?
– O tratamento dos cálculos biliares é extremamente operatório. Mas para chegar à cirurgia é preciso que haja indicações para isso. Isto é, primeiro, ter um cálculo na vesícula biliar comprovado com mais frequência por ultrassom ou por algum outro método.
E em segundo lugar, deve haver queixas do paciente – desde peso e desconforto após uma refeição maior, até crises e inflamações mais fortes. Quando esses fatores estão presentes, há indicação de tratamento operatório. Nas formas assintomáticas, ou seja, quando há cálculos sem nenhum sintoma, é mais provável que a cirurgia não seja realizada e o paciente seja apenas observado.
Nestes casos, o tratamento conservador pode ser tentado, mas está associado a muitas condições. É expressa na ingestão de um medicamento (ácido ursodeoxicólico), que pode quebrar pedras.
No entanto, o que há de especial neste caso é que apenas as concreções de colesterol podem ser decompostas desta forma. Posso dizer que tal tratamento quase não é praticado tanto na Bulgária como em todo o mundo.
Porque este tratamento pode provocar crises muito agudas, inflamações graves e, em última instância, cirurgias de emergência.
– O método laparoscópico predomina no tratamento cirúrgico ou às vezes é necessária cirurgia aberta?
– Claro, o principal método operatório é a cirurgia laparoscópica. Você pode estar curioso para saber que a primeira colecistectomia laparoscópica, ou seja, a primeira remoção da vesícula biliar, foi realizada em 1985 pelo cirurgião alemão Dr. Eric Nieuwe.
E desde a década de 1990, este tornou-se o padrão ouro. Toda operação deve começar desta forma. E se ocorrer algum problema ou surgirem complicações, pode-se sempre mudar para a cirurgia aberta.
Mas é quase impossível e inconveniente partir para uma operação aberta, mesmo nas formas banais, isto é, nas formas simples e descomplicadas da doença.
Os cálculos biliares são removidos por qual via clínica?
Todas as operações laparoscópicas, incl. colecistectomia laparoscópica, apresentam uma série de vantagens sobre a cirurgia aberta. Em primeiro lugar, muito menos traumas para o corpo; recuperação muito mais rápida, sem cicatrizes graves.
Lembre-se que grandes incisões são um pré-requisito para hérnias pós-operatórias, e esse risco com a laparoscopia também é minimizado, já que as incisões são pequenas e a dor é bem menor.
– E pode-se dizer que o risco de complicações é menor com a cirurgia laparoscópica?
– As complicações acompanham qualquer intervenção cirúrgica, independentemente de ser na vesícula biliar ou em outro órgão. Nesse sentido, tudo é estritamente individual:
depende da condição do paciente; da idade; de doenças concomitantes; da forma da doença do cálculo biliar, no sentido de ser simples ou complicada. Portanto, as complicações potenciais e eventuais existem, independentemente do tipo de cirurgia.
Mas, sim, certamente são reduzidos com a técnica laparoscópica. Aí temos uma visualização muito melhor, estamos detectando as estruturas de forma muito mais ativa e seletiva.
Dr. Spas Ivanov
– É apropriado afetar o próprio mecanismo de condução da operação?
– Talvez seja bom que os pacientes saibam que qualquer operação laparoscópica deve ser realizada sob anestesia geral. Não há outra forma de fazer a cirurgia laparoscópica porque inflamos o abdômen com gás, que é o dióxido de carbono.
Isto apoia o diafragma e perturba a mecânica da respiração, por isso o paciente deve ser intubado. Talvez esta seja a coisa mais importante que eles precisam saber. E quanto à técnica em si, já existem diversas modificações: pode ser feita com 3 furos, talvez com 4.
Em alguns pacientes mais selecionados, pode ser feito por um orifício – pelo umbigo, para que não fique cicatriz.
– Qual é o estado pós-operatório dos pacientes, ou melhor, qual deve ser o seu comportamento pós-operatório? Alguma restrição?
– Não, não há restrições. Não há problema para essa pessoa viver sem vesícula biliar. O efeito colateral mais comum que pode acontecer está relacionado a essa grande quantidade de bile que sai do fígado através dos ductos biliares para o duodeno e depois para o intestino delgado (como falei, é cerca de um litro).
Portanto, durante os primeiros meses, os pacientes recebem os chamados diarreia hologênica, ou seja, pode haver fezes mais frequentes e pastosas por vários meses. Mais tarde, porém, a condição normalizou.
Quanto à nutrição – adesão a um determinado regime alimentar durante uma ou duas semanas no máximo. Claro, com alimentos mais leves, como é o caso da bile doente: evite picantes, gordurosos, chocolate, café, álcool concentrado. Então eles mudam para uma forma mais normal de comer.
– Tem gente que tem medo de se submeter até mesmo à delicada cirurgia laparoscópica. O que você recomendará a eles?
– Em nenhum caso devem ter medo e adiar a operação. Pelo contrário, deveriam pensar em uma operação planejada justamente para evitar os riscos.
Quando estiverem presentes as indicações que já indiquei: cálculo ultrassonográfico comprovado ou cálculo na vesícula biliar e na clínica, ou seja, queixas de peso, dor; quando já tiveram uma ou mais crises, pensar em cirurgia eletiva.
Recomendações da medicina popular para cálculos biliares
Porque os riscos de uma operação de emergência ou de cálculo biliar já ocorrido são muito mais graves. Um chamado a colecistectomia banal passa de maneira muito suave e fácil, sem complicações. Embora os formulários já complicados acarretem mais riscos. Por isso, é importante que as pessoas, quando tiverem indicações, não demorem.
Vou me repetir, mas o benefício mais significativo desta conversa será se enfatizarmos que, diante de indicações, é bom consultar um gastroenterologista ou, melhor ainda, um cirurgião abdominal. E pensar na remoção mais oportuna da bolha, antes que ocorram complicações que realmente representem mais riscos.
– Com que frequência vocês, cirurgiões, atendem esses pacientes?
– Esta é uma das patologias mais comuns na cirurgia abdominal, realizamos essas operações quase diariamente. Há períodos em que pioram com mais frequência, por exemplo na primavera, perto das férias da Páscoa, quando se consome mais ovos, cordeiro gordo e vegetais folhosos. Também o clima de outono.
Yana Boyadjieva